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1 de março de 2024

Prezadas leitoras, caros leitores —,

Há raríssimas figuras em Brasília que sejam insubstituíveis ou cujo poder seja perene. O Centrão, enquanto força política, é imbatível. Mas ninguém ousa se intitular seu dono por muito tempo.

O atual representante-mor desse bloco é Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. Conforme a eleição para seu sucessor esquenta (ainda que vá ocorrer apenas daqui a um ano), os demais atores se movimentam para ocupar o vácuo de seu poder.

Engana-se quem imagina que essa fritura esteja vindo só do Planalto e de governistas. Ela está acontecendo também dentro do próprio Centrão. É essa história que nossa repórter Luciana Lima vai contar na Edição de Sábado.

No mês passado, o bicampeão mundial de surfe Filipe Toledo anunciou uma pausa para cuidar da saúde mental. A seis meses das Olimpíadas, vamos abordar também a importância do acompanhamento psicológico na vida dos atletas desde a base. E o primeiro medicamento produzido em órbita e as previsões para a economia espacial.

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Tragédia na fila de ajuda em Gaza

Mais de cem pessoas da população faminta de Gaza morreram ontem durante a distribuição de alimentos. Segundo o Hamas e testemunhas, os palestinos estavam em volta dos caminhões que tinham acabado de chegar, quando as forças israelenses começaram a disparar. Muitas das vítimas foram atropeladas pelos veículos em meio ao caos. De acordo com o Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas, 112 pessoas morreram e 760 ficaram feridas. Num relato inicial, Israel disse que o comboio foi cercado e se deu o início de um saque aos mantimentos. Depois, um porta-voz militar afirmou que houve dois eventos separados. Em um, os veículos foram cercados e acabaram atropelando as pessoas, que também foram pisoteadas. No outro, em meio à confusão, as forças israelenses abriram fogo primeiro como alerta e, depois, nos que ameaçavam a segurança dos funcionários de ajuda humanitária. O presidente americano, Joe Biden, disse que seu governo está investigando o incidente, mas admitiu que isso complica as negociações sobre um cessar-fogo em troca de reféns. (CNN)

Uma nota necessária: A situação de Gaza é grave e há poucas fontes de informação confiáveis. Vivemos o período do fog of war, o nevoeiro da guerra. Toda informação, em meio à imensa precariedade, é difícil de confirmar com precisão.

Horas depois, um dos mais radicais integrantes do gabinete do premiê Benjamin Netanyahu elogiou a atitude dos militares e chamou de "loucura" a manutenção do envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. "Deve ser dado apoio total aos nossos heroicos combatentes que operam em Gaza, que agiram de forma excelente contra uma multidão de Gaza que tentou prejudicá-los", postou no X Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional. (Globo)

O número de mortos desde o início da ofensiva israelense ultrapassou 30 mil, novamente de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas. Israel resiste às pressões internacionais para encerrar ou interromper a ação militar. Sem distinguir civis e combatentes, o ministério diz que 70% dos mortos são mulheres e crianças, enquanto Israel estima que 10 mil terroristas tenham morrido. Cerca de 100 reféns sequestrados nos ataques de 7 de outubro continuam em poder do grupo terrorista. (CNN)

Enquanto isso... O texto final do encontro do G20 foi consensual em quase todos os pontos, menos no parágrafo que citava as guerras em Gaza e na Ucrânia. O Brasil, que está na presidência do grupo, fez propostas para a inclusão do tema "guerra", mas o G7, grupo dos países mais industrializados do mundo, não aceitou. Assim, haverá um comunicado oficial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, incluindo os nove parágrafos acordados e uma nota de rodapé sobre a questão das guerras, a única sem acordo. (g1)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o Ocidente pode enfrentar uma guerra nuclear caso envie soldados para auxiliar a Ucrânia, invadida por tropas russas há dois anos. A fala, diante de legisladores e líderes políticos e empresariais russos, foi uma resposta à provocação do presidente francês, Emmanuel Macron, sugerindo o envio de militares da Otan para lutar ao lado dos ucranianos, o que foi descartado rapidamente pelos principais integrantes da aliança. (Reuters)

Relator do Código Eleitoral, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) disse ontem que apresentou aos líderes partidários três sugestões de propostas de emenda à Constituição (PEC) para acabar com a reeleição e fixar os mandatos em cinco anos, em vez dos atuais quatro anos. As propostas foram bem recebidas, mas não houve um encaminhamento definitivo. Entre os pontos que incluirá no relatório estão mudanças nos prazos de inelegibilidade, por duas eleições em vez de por oito anos a partir da data do pleito. Outro ponto citado é a quarentena para que juízes, promotores, policiais e militares sejam candidatos. Esses profissionais deverão deixar seus cargos com quatro anos de antecedência, segundo Castro. (Estadão)

O novo código é defendido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que planeja aprovar a iniciativa no primeiro semestre. O tema, no entanto, faz parte da queda de braço com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os deputados promoveram várias mudanças eleitorais em 2021 e 2023, mas só agora começa a haver uma decisão do Senado. Castro ainda não apresentou o parecer, mas já antecipou que vai descartar algumas decisões dos deputados. (Globo)

Saber quais deputados assinaram o pedido de impeachment do presidente Lula devido à comparação que ele fez entre a ação de Israel em Gaza e o Holocausto pode levar quase um mês. Desde a semana passada, a Folha solicita a informação. Mas a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados se recusou a fornecer a lista oficial e orientou o jornal a fazer o pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI), cujo prazo de resposta pode ser de até 30 dias. A LAI, no entanto, estabelece que qualquer interessado na informação, que é pública, pode solicitá-la "por qualquer meio legítimo" e cabe ao órgão, de posse dos dados, "autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível". A Secretaria-Geral da Mesa e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não responderam sobre o motivo da recusa. (Folha)

Para o jurista Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça e coautor do pedido que resultou no impeachment de Dilma Rousseff (PT), os deputados renunciaram à competência de julgar os crimes de responsabilidade ao aderirem ao pedido como signatários. "Quem assina o impeachment é parte julgadora, portanto, está impedido de julgar." (Estadão)

A Polícia Federal prendeu ontem três empresários em uma nova fase da Operação Lesa Pátria, determinada pelo Supremo Tribunal Federal. Adauto Lúcio Mesquita e Joveci Xavier de Andrade são sócios de uma varejista do Distrito Federal e, segundo as investigações, teriam criado um grupo de WhatsApp para arrecadar recursos para acampamentos nas portas de quartéis. O empresário Diogo Galvão também foi preso. A PF cumpriu 34 mandados judiciais – sendo 24 de busca e apreensão, três de prisão preventiva e sete de monitoramento com tornozeleira eletrônica – em sete estados e no DF. (UOL)

E a PF concluiu o inquérito sobre a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 4 de janeiro de 2023, e indiciou o hacker Walter Delgatti Neto e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Eles são suspeitos de terem cometido os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Na ocasião, documentos falsos foram inseridos no sistema, como uma ordem de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. (g1)

Meio em vídeo. Mariliz Pereira Jorge faz um react aos comentários da coluna De Tédio a Gente Não Morre. Lula tem razão? Bolsonaro é perseguido? Bolsonaro é cis? A Paulista reuniu 700 milhões de pessoas? Assista! (YouTube)

Financiamento empresarial

Tony de Marco

Perdeu a aula inaugural do curso Você na Mídia ontem? Não tem problema, você pode assisti-la em nosso site. Veja Leila Sterenberg declamar poesias e explicar como esse curso é fundamental para pessoas que precisam falar com o público ou com a imprensa. Lembrando que assinantes premium do Meio tem 20% de desconto nele, uma das muitas vantagens que recebem.

Viver

O Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de casos de dengue ontem, segundo dados do Ministério da Saúde. Foram 1.017.278 infecções nas primeiras oito semanas deste ano contra 207.475 no mesmo período do ano passado. Desde janeiro, 214 mortes já foram confirmadas e outras 687 seguem em investigação. Em 2023, houve 149 óbitos nas oito primeiras semanas. Com a alta de casos, seis estados, além do Distrito Federal, declararam emergência em saúde pública. Para conter o avanço da doença, a pasta da Saúde vai realizar o "Dia D", de mobilização nacional contra a dengue, amanhã. (g1)

O Ministério da Saúde suspendeu ontem uma nota técnica que derrubava uma orientação do governo Bolsonaro, que fixava prazo de 21 semanas e 6 dias de gestação para o aborto legal. O Código Penal não estabelece qualquer limite de tempo para o procedimento nas condições previstas em lei, quando a gravidez é resultado de estupro ou coloca a vida da mulher em risco. Decisão do STF também permite a realização em caso de anencefalia. O documento, publicado na quarta-feira, ressaltava que caberia aos serviços de saúde "garantir esse direito de forma segura, íntegra e digna", não podendo ser imposta qualquer limitação senão as da lei. Segundo a assessoria da pasta, "o documento não passou por todas as esferas necessárias do Ministério da Saúde e nem pela consultoria jurídica". (g1)

O desmatamento no Cerrado caiu 48% em janeiro na comparação com dezembro de 2023, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado, a perda de 51 mil hectares da vegetação foi a menor dos últimos 11 meses, mas registrou alta de 10% em relação ao mesmo mês do ano passado. A região do Matopiba, que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, respondeu pela maioria da taxa de desmatamento do mês passado, com 64%. (UOL)

Cultura

O choro foi declarado o 53º patrimônio cultural imaterial do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A definição ocorreu por unanimidade entre os 22 conselheiros consultivos do Iphan. O ritmo genuinamente brasileiro teve início por volta de 1870 com o lançamento de Flor Amorosa por Joaquim Callado, no Rio de Janeiro. O gênero ganhou projeção graças ao talento de nomes como Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha. Atualmente, um de seus maiores representantes no Brasil e no exterior é Hamilton de Holanda, que comemorou a decisão. (g1)

O Ministério da Cultura da Itália anunciou que não vetará a participação de uma representação oficial de Israel na Bienal de Veneza, o mais importante evento mundial das artes plásticas. O veto fora pedido em um manifesto assinado por 17 mil artistas em protesto contra a invasão da Faixa de Gaza. "A Bienal de Arte de Veneza será sempre um espaço de liberdade, encontro e diálogo e não um espaço de censura e intolerância", disse o ministro Gennaro Sangiuliano. O banimento, porém, já foi usado em ocasiões anteriores, como durante o apartheid na África do Sul e após a invasão russa da Ucrânia, em 2022. A Bienal de Veneza acontece entre 20 de abril e 24 de novembro. (Globo)

O julgamento de Hannah Gutierrez Reed, armeira do filme Rust, ganhou mais um capítulo com os jurados assistindo a trechos das gravações do set onde a diretora de fotografia, Halyna Hutchins, morreu devido a um disparo acidental do ator Alec Baldwin. No vídeo, é possível ver o ator e produtor apressando os companheiros de equipe a recarregar as armas entre as tomadas. Bryan Carpenter, armeiro veterano que atua como perito, apontou várias falhas de segurança. Entre elas, um momento em que Baldwin usa uma pistola para apontar para a equipe, enquanto explica como iria se levantar em uma cena. Em outra, Gutierrez Reed pode ser vista segurando uma espingarda em pé pelo cano. (Variety)

Cotidiano Digital

O Google é alvo de uma ação judicial no valor de US$ 2,3 bilhões movida por 32 grupos de mídia europeus, como Axel Springer, que alegam perdas pelas práticas em publicidade digital da gigante de buscas. Em comunicado, os advogados que impetraram a ação dizem que "sem o abuso da posição dominante do Google, as empresas de mídia teriam recebido receitas significativamente mais altas de publicidade e pagado taxas mais baixas por serviços de tecnologia de publicidade". E citam a multa de 220 milhões de euros aplicada pela autoridade da concorrência francesa contra a big tech por seu negócio de publicidade, em 2021, além de acusações da Comissão Europeia, no ano passado. Em nota, a empresa disse que se opõe à demanda judicial, que chamou de "especulativa e oportunista". (Época Negócios)

Já grupos de consumidores de República Tcheca, Dinamarca, França, Grécia, Noruega, Eslováquia, Eslovênia e Espanha apresentaram queixas de privacidade contra a Meta às autoridades de proteção de dados de cada país. Eles afirmam que a companhia não cumpre as regras do Regulamento Geral de Proteção de Dados. A vice-diretora geral da Organização Europeia do Consumidor, Ursula Pachl, criticou recentemente o lançamento de assinaturas pagas e sem anúncios no Facebook e Instagram na Europa, que a empresa diz ter o objetivo de cumprir as novas regras tecnológicas da UE. (Reuters)

A Electronic Arts (EA) apresentou um relatório à Securities and Exchange Commission, anunciando o corte de 5% de sua força de trabalho, cerca de 650 funcionários. Entre as mudanças, também estão o encerramento de alguns projetos, como o fim de Star Wars, jogo de tiro em primeira pessoa. A EA enviou um memorando aos funcionários comunicando as demissões, que devem ocorrer neste primeiro trimestre. Nesta semana, a Sony anunciou um corte de 900 pessoas na divisão do PlayStation. (Olhar Digital)

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